Mineral, Minério, Mineralóide, Cristal, Gema e Rocha
Mineral de ametista, variedade de quartzo. Fonte: Pixebay.com

MINERAL, MINÉRIO, MINERALÓIDE, CRISTAL, GEMA E ROCHA: ENTENDA O QUE SIGNIFICA CADA UM DESTES TERMOS E SUAS DIFERENÇAS

            Como em todas as ciências, as geociências possuem termos que causam uma certa confusão quanto ao seu significado e as diferenças entre eles.

            Para os geocientistas, os termos mineral, minério, mineralóide, cristal, gema e rocha são bem definidos, porém para pessoas de áreas afins ou mais distantes das geociências, as definições e diferenças entre estes termos podem ainda não serem compreendidas.

            Veremos neste post definições descomplicadas e simplificadas para ajudar no entendimento destes termos.

 

ENTENDA AS DIFERENÇAS

            Um mineral (Figura 1) é definido como um sólido, de composição química definida, com arranjo atômico ordenado, de ocorrência natural e formado por processos inorgânicos.

Drusa de ametista
Figura 1: Drusa de ametista, uma variedade de um dos minerais mais comuns, o quartzo. Fonte: pixebay.com

            Quando dizemos sólidos excluímos materiais que são líquidos ou gasosos. Por exemplo, a água sólida pode ser considerada um mineral, enquanto a água líquida ou gasosa não é considerada mineral. Uma das únicas exceções à regra é o mercúrio, que mesmo líquido é considerado um mineral.

            Minerais são compostos por elementos químicos diferentes, que se combinam de maneira simples ou mais complexa. A composição química é definida, mas não fixa. Por exemplo, o mineral quartzo é composto por SiO2, possuindo uma fórmula química simples e fixa. Já a dolomita é um mineral de composição CaMg (CaCO3)2, apesar de ser uma composição simples, os teores de Ca e Mg variam entre si, ocorrendo uma variação composicional respeitando certos limites químicos. Existem milhares de minerais com fórmulas químicas diversamente variadas, desde de mais simples, como o quartzo (SiO2), até extremamente complexas, como por exemplo a turmalina ((Na,Ca)(Fe2+,Mg,Mn,Li,Al)3(Al,Mg,Fe3+)6(Si6O18)(BO3)3(O,OH)3(OH,F)).

Cristal de quartzo
Figura 2: Cristal de quartzo, um mineral muito comum. Fonte: Pixebay.com

             Minerais possuem um arranjo cristalino interno ordenado em escala atômica, este arranjo é um padrão geométrico e repetitivo que se repete milhões de vezes, refletindo nas formas externas que os minerais podem ter. Se algo possui arranjo interno cristalino ordenado pode ser classificado como um cristal (Figura 2), se não possuir um arranjo cristalino interno é classificado como mineralóide, ou mineral amorfo, como o vidro vulcânico (Figura 3) e o carvão. Por definição um cristal é um material sólido, natural ou não, com arranjo cristalino ordenado, já mineralóide é definido como um material que preenche todos os outros requisitos para ser chamado de mineral, mas não possui estrutura cristalina interna. O termo cristal (chamado também de cristal de rocha) é usado comumente para definir um mineral bem formado, com faces planas, lisas e regulares, assumindo formas geométricas. Gemas (Figura 4) são cristais e minerais que por alguma propriedade podem ser transformadas em joias ou serem colecionáveis, são conhecidas também como pedras preciosas.

Vidro vulcânico ou obsidiana.
Figura 3: Vidro vulcânico ou obsidiana. Fonte: Pixebay.com

            Para ser classificado como um mineral, o material deve ser formado por processos naturais. Os cristais ou minerais formados em laboratórios são chamados de sintéticos. Esta definição é muito importante para diferenciar o valor de uma gema, pois é muito comum a falsificação de gemas utilizando materiais sintéticos.

Gema de diamante.
Figura 4: Gema de diamante. Fonte: Pixebay.com

              Historicamente materiais inorgânicos não podiam ser chamados de minerais, pois os materiais mais comumente formados por atividade de organismos, como o âmbar e a pérola, não possuem estrutura cristalina interna. Porém, com o avanço da ciência, descobriu-se que alguns minerais como calcita, aragonita, magnetita, fluorita, entre outros, podem ser formados por atividade de seres vivos, sendo chamados de minerais biogênicos. Para um material ser chamado de mineral biogênico ele deve ser formado por atividade de seres vivos e atender todos os outros requisitos para ser considerado um mineral.

             Atualmente esta é uma questão muito discutida pelos geocientistas, sendo uma das atuais grandes discussões da mineralogia.

Seixos de diferentes tipos e rocha.
Figura 5: Seixos de diferentes tipos e rocha. Fonte: Pixebay.com

            O termo rocha (Figura 5) é utilizado para definir um agregado de minerais consolidados e unidos por processos naturais. Já o termo minério (Figura 6) é utilizado para definir um mineral de interesse econômico (material geológico que pode ser explorado com lucro).

            Para se ter ideia do tamanho da área de estudo que cada um destes termos representa, cada um deles são estudados por diferentes grandes subáreas da geologia, simplificadamente os cristais são estudados pela cristalografia, os minerais e os mineralóides pela mineralogia, as rochas pela petrologia, as gemas pela gemologia e os minérios pela geologia econômica.

Minério de hematita, mineral portador de Fe.
Figura 6: Hematita, um mineral minério portador de Fe. Fonte: Pixebay.com

E AE, ENTENDEU?

            Se você chegou até aqui, espero que tenha entendido de uma maneira simples e descomplicada estes termos. A princípio, se você não tiver habituado aos termos é comum ocorrerem confusões com estas terminologias, mas com os estudos e o tempo, estas definições tendem a não serem mais esquecidas e nem confundidas entre si.

 

REFERÊNCIAS      

Madureira Filho, J.B.; Atencio, D.; McReath, I. Minerais e rochas: constituintes da Terra sólida. In: Teixeira, W.; Toledo, M. C. M.; Fairchild, T. R.; Taioli, F; (eds.). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.  p. 27-42.

Klein, C.; Dutrow, B. Manual de Ciência dos Minerais. Porto Alegre: Bookman, 2012. 716 p.

Evangelista, H.J. Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Metamórficos. Ouro Preto: UFOP, 2001. p. 60

Disponível em: https://pixabay.com/pt/mineral-pedra-ametista-quartzo-2762828/. Acesso: 16 de dezembro de 2017.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/cristal-pedra-mineral-r%C3%ADgido-2723145/. Acesso em: 16 de dezembro de 2017.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/obsidiana-stone-vulc%C3%A2nico-505332/. Acesso em: 16 de dezembro de 2017.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/diamante-brilhante-beb%C3%AA-riqueza-807979/. Acesso em: 16 de dezembro de 2017.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/pedras-rochas-seixos-tranquilo-zen-167089/. Acesso em: 16 de dezembro de 2017.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/mineral-hematita-%C3%B3xido-de-ferro-642086/. Acesso em: 16 de dezembro de 2017.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/gema-ametista-violet-1576233/. Acesso em: 16 de dezembro de 2017.